Estou novamente neste blog para prover às almas cansadas o balsamo de suas aflições, sinto ter-los deixado tanto tempo sem nenhuma novidade. Não oferecerei desculpas por minha ausência e nem posso falar pelo outros colaborados, então vamos ao texto.
Meu post desta semana estava programado para ser uma reflexão sobre o feriado de finados, mas há coisas mais agradáveis a se pensar do que a morte.
Resolvi re-assistir uma obra que me tocou profundamente muitos anos atrás, quando ainda era um estudante do ensino médio, não entrarei em por menores acerca do título, só posso dizer que foi importante para definir quem eu sou. Aproveitando esta oportunidade, me proponho a discorrer sobre a relação que estabelecemos com a ficção.
Ao entrar em qualquer livraria imediatamente nos deparamos com a mais básica das divisões de gêneros literários a de ficção e não ficção. Um leitor ao abrir um romance já sabe que ele foi inventado porem esta certeza vai se tornando cada vez mais frágil à medida que somos envolvidos pela narrativa. Não significa que o aceitamos como verdade, mais sim como possibilidade.
A heroína trágica sofre na medita exata, os vilões não fazem nada que nós não faríamos em seu lugar e as dores do protagonista ao percorrer sua jornada de auto-descobrimento parece-nos tão próximas como se já tivéssemos percorrido os mesmos caminhos. As maiores licenças poéticas são aquelas que nos fazem pensar que poderiam ter sido imaginadas por nós e se não pudermos conceber nem mesmo a possibilidade do que nos é narrado, o tomamos por falso e repudiamos como devaneio.
O que atrai nos personagens bens construídos, que se perpetuam em nosso imaginário, é que eles são fictícios. Permitimo-nos nos apaixonar pelo herói ou pela heroína, pois sabemos que são individuais, não há ninguém no mundo real que os faça sombra, ao contrário, suas sombras que se projetam sobre os outros. Assenhoreamo-nos dos personagens na medida em que somos capazes de ocupar os seus lugares, definindo seus destinos e os limitado apenas a nossa imaginação.
Que leitor não desejou alterar os caminhos de uma história ou mesmo nos adicionarmos na historia. Sofremos, amamos e lutamos em seus lugares, não porque qualquer um poderia ocupar seus lugares, mas sim porque parecem perfeitos pra serem ocupados por nós.
Voltarei à dama pela qual me apaixonei muitos anos atrás. Mais velho e mais maduro finalmente compreendendo que nunca acharei alguém como ela, mas sim alguma outra individualidade que toque meu coração, com a vantagem de que poderei tocá-la também.
L.C
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