Envergonho-me de lembrar que ontem pronunciei esta frase, na metade do caminho da embriaguez, pior, este é o meu motivo para não ter-lhes escrito. Agora que o néctar baquiano já abandonou a muito meu corpo novamente me ponho diante do teclado. Transcreverei umas anotações feitas esta tarde. Filho de banco de praça, de sombra de arvore e de um agradável café com suco de laranja, este texto tomou forma com espírito mais gentil do que o usual.
Pergunto-me qual o limite da liberdade humana. E aquele espaço tênue entre nossas obrigações para com o próximo e nossos deveres para com nosso orgulho. Somos todos educados a nos portarmos diante dos outros, a nos conformarmos com os lugares pré-definidos. Às vezes tentamos ser mais do que nos é permitido ser, extrapolar nossas belas molduras e constituir novos painéis que abarquem nossa grandiosidade diante do todo.
Vagamos em meio a infinitas galerias onde as imagens se substituem constantemente, cada cena dando espaço a uma próxima, ainda mais peculiar. À medida que fruímos as vidas alheias e delas retiramos as tintas de nossa própria obra somos tentados a olhar para cima ,em busca do vislumbre da grande tela que cobre a abobada celeste. A verdade da cada basílica é dada pelos olhos que a contempla, pois encarar o abismo, ou Deus, é sempre se predispor a ser encarado de volta.
Minha catedral é silenciosa, não é como a de Llosa preenchida por conversas, é um mausoléu onde os espíritos se entretêm com ecos de discursos a muito proferidos. Eu meu deito em um dos muitos bancos vazios e escorando minha cabeça na madeira solida tento não encarar a pintura acima. Não é grande surpresa que minhas tentativas tenham se mostrado falhas.
Não vos direi que imagem estava pintada no docel de minha alma, ainda estou tentando compreende-la, só posso adiantar que nela Deus e homem não se tocavam e se querem saber... é melhor assim.
Um pouco mais gentil hoje... L.M
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