domingo, 6 de fevereiro de 2011

Eu nunca escrevi essas canções...

Eu tenho vivido na minha cápsula a tanto tempo.
O brilho do sol, outrora azedo e impetuoso, se pôs distante.
Numa valsa interminável dançam a Noite e o Frio, a Solidão e a Desesperança, a Vida e o Fim.
No salão dançante, absorto estou, moribundos espalhados gargalham o trágico anoitecer, saúdam a gloriosa dama da noite, aquela que não se pode ver.
Uma mistura desgostosa de sopranos e tenores infestam meus ouvidos.
Numa mesa hexagonal, com o agora diluído Sr. Rafael, sentam-se o Frio, a Solidão, a Desesperança e o Fim. Noutro canto vejo confusas faces, mas claramente são a Noite e a Vida, a cochicharem.
Estão de partida, a abandonarem-me aos cães farejadores de almas insólitas, vázias e arrependidas.
Eu tenho vivido na minha cápsula a tanto tempo. 
é Dia, novamente.


O ÚNICO.

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