quarta-feira, 20 de abril de 2011

Duplicidade

Em meio a multidão eu padeço.
Retiro-me no momento clímax e nada, nada, fará sentir-me como antes.
O caminhar curvado e cambaleante como a de um ferido num duelo a propender.
Teço comentários absurdos que em nada mudarão minha estima.
O sol permanecerá o mesmo, sempre.
Nele confio;
Nele aqueço-me;
Nele canso-me;
Nele faço-me líquido.
As sombras que agora me escondo são o aconchego e o esconderijo da sua insana verdade a correar minh'alma.
A veracidade desses fatos é axiomaticamente ardente.

Em meio as luzes acesas da madrugada, eu existo.
Sou o protagonista a cantar e sorrir e nada, nada, fará sentir-me como antes.
O livre andar, o saltitar entre passeios e postes, os transeuntes a faltar.
Sou a própria verdade nesse momento e a estima egocêntricamente se infla.
A lua não permanecerá para sempre, o seu retorno doravante não será o mesmo. Novas luas virãos.
Assim como novas felicidades, novos sabores, novos desejos, novos amores.
Nela eu não sou;
Nela eu transmuto;
Nela sou camaleão;
Nela faço-me vida.

Outra lua, mesmo sol.

Serei sempre o homem biológico, mas nunca o mesmo homem.
Jamais.
A claridade da vida não permite mudanças, apenas nos escuros confins da alma, da incosciência consciente de si, elas ocorrem.

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