quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Da arte da percepção


Vivemos em um mundo simbólico, a cada momento estamos expostos a novos signos e sinais, aguardando que lhe atribuam sentido. A todo observador cabe captar estes símbolos e julgá-los a partir do arcabouço de conhecimentos e vivencias que dispomos. Nossa vida é uma constante análise do mundo, desenvolvemos as habilidades necessárias ao convívio social com o tempo e prática, subordinadas às necessidades que nos apresentem. Preferiria fugir de utilitarismos, mas é evidente que não precisamos de todo nosso potencial de percepção para vivermos em sociedade, alguns níveis de observação só podem ser adquiridos conscientemente e através de esforço.

Alguém que viaje a alguma região em que seu domínio do idioma local seja fraco, necessitará de prestar atenção a sinais que normalmente ignoraria como expressão fácil, gestos, postura, respiração e outros. Na medida em que ele se aprofunde nos costumes, tais sinais passam a oferecer uma nova gama de sentidos.

 Tal visão pode ser ampliada a diversas outras esferas da vida humana. Do historiador que procura perguntas nos arquivos que lê para dar-lhes novas respostas que nunca durarão ate o momento seguinte; ao homem santo que vê nas coisas sinais de Deus, onde outros homens nada percebem. Minha preocupação com esta longa introdução é mais banal, é somente perceber os sinais inauditos das moças ao redor.

É verdade que a paixão, em qualquer nível e por qualquer coisa, nos turva a visão maravilhando-nos com uma suave droga que faz com que o objeto de afeição ocupe nossa mente. Em contrapartida passamos a procurar pequenas especificidades ignoradas pelos amantes ocasionais, a despeito disso podemos ser levados a equívocos. Penso que devemos nos ocupar das pequenas parcelas de certeza que temos a mão, do que apostar em incógnitas as quais ainda não conseguimos decifrar. Sejam em fichas de poker e em amor, sempre paga-se um preço para saber o conteúdo da carta.

Da próxima vez, mais sucinto... L.M

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