A situação da sociedade atual é tão paradoxal que parece não haver nada verticalizado Mas ao olharmos mais atentamente a ela perceberemos não ser bem assim. Dois componentes elementares são facilmente destacados. De um lado temos o sentimento do MEDO a assolar toda a humanidade e doutro, a CONFIANÇA.
O medo pode ser percebido nas relações mais básica com o mundo externo, com os outros homens e com o próprio corpo. Medo da morte, medo da chuva, medo de não ter TV, medo de ficar sozinho, medo de ser rejeitado, medo de ficar no escuro, medo de fantasmas, daí o medo pode ser percebido em todos os níveis da vida do metafísico ao mais empírico.
A confiança por sua vez está escondida nos momentos mais interessantes:: a confiança na pessoa desconhecida que liberou o avião para voar, a confiança de que tudo vai dar certo (em Deus, na mais abstrata das ideias), a confiança num filho, a confiança nos sentidos, no intelecto, a confiança no outro ao passar tarde da rua por alguém e ter medo de ser assaltado e a confiança de que aquele pessoa também terá medo de você.
É, então, notório as particularidades que cada momento nos oferece. Mas também o é axiomático que cada momento esteja dentro da lógica do Medo-Confiança. Como voar medrosamente e ter a confiança que aquele voo não será o último. Dessa forma, apenas em um momento, você dirá, fora dessa díade é que percebemos não haver a contemplação deles dois: a perda de um amigo, de uma pessoa querida, de um amor, de algo valioso material ou não. Não digo a respeito da morte, pois é uma batalha evidentemente perdida, destarte não há medo ou esperança nela. Dante tentara...
O sentimento de perda advém do pressuposto que algo já é pertencente ao ser. Creio que se aguçou na era capitalista, obviamente numa dinânima entre a propriedade e o ser. Daí, uma terceira percepção que vai além da díade Medo-confiança fica as claras. Onde situá-lo? por que está além? O sentimento de perda por sua vez tratará de mostrarnos que não passa de uma relação entre medo-confiança, em que estes não se combinam na mente humana. A perda é a falta de confiança do ser em si, assim como a perda também é o medo da solidão do ser em si. Por que precisamos de outra pessoa? Está pergunta é chave para entendermos que o homem moderno introjetou tão profundamente tal díade em seu espirito que não conseguirá jamais libertar-se. A necessidade de outrem é a necessidade ou do medo de outra pessoa, ou da confiança de outra pessoa. Vide os nossos herois que tem medo de seus vilões e necessitam desse contrasenso para lugar, vide os amantes que traem, mas confiam na palavra alheia.
Em suma, a vida moderna pode ser resumidade em medo e confiança. Medo de si e confiança de si, medo do outro e confiança do outro, medo do mundo e confiança no mundo.
O ÚNICO
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