sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O Turista

Pés descalços sobre pálida areia. A rítmica dança das ondas apagavam, a cada passo, seus rastros.
Caminhou por toda a borda, sempre vigiado pelo sol.
Taciturno, desviava sempre dos polígnos hexagonais, octogonais, coloridos e dos pesos mortos estirados sobre toalhas toscas.
"Tudo está no seu devido lugar", pensou.
Sentou-se, enfim. Ali mesmo sobre as rochas cintilantes, ao fim da caminhada.
Numa mão seu velho chapeu Panamá; noutra, caneta e bloco.
Pôs-se a refletir:
"Pode o homem ser feliz? Pode o homem amar a todas as coisas na sua plenitude?
É o amor dádiva divina, ou mera reprodução de nossas falhas libidinais?"
Imerso na profundeza de sua alma, deixou-se levar pela brisa e risos agudos das crianças que ali brincavam.
Nada encontrou.

Inesperadamente volta a realidade. De olhos arregalados como a procurar respostas nos grãos à seus pés. Percebera que na sua imprópria misantropia nada poderia encontrar.
Ao horizonte, o guardião das cores se pora.
Agora tudo era cinza, negro, fosco, opaco ou amarelo borrado. As luzes das ruas e das casas transformaram-se em raios esparsos a cegar-lhe, falsa ilusão de sol.
Mas era nesse improbo momento que veio à tona todas suas respostas.

Caminhava lentamente a caminho de casa. Quando a sua frente surge uma figura mascarada, monstruosa e de voz gutural. Aos berros sacou a única cor que naquela densa noite brilhara. O frio da cor, a frieza do coração se misturaram ao seu inverso de suor e lágrimas.
"deixe-me em paz, tome meu dinheiro, meu chapeu..."
O assassíno colocou-o de bruços. Desesperadamente a procura de seus bolsos a tirar-lhe todos os possíveis pertences.

Um estouro!

NUM MOMENTO DE CLAREZA
"Amigos ou inimigos, velhos ou novos, astutos ou idiotas, somos todos iguais no fim"
Às vezes acordo no meio da noite. Apenas para ter certeza de que você ainda está lá, ao meu lado. Sua respiração, seus lábios, nosso amor, são meu sol, a iluminar-me pela eternidade.

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